sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Amadou et Mariam

Quem diz que em Goiás só tem plantação de tomate e dupla sertaneja não conhece os grandes festivais de rock que existem por lá. Quem diz que na Bahia só tem axé, não conhece uma das maiores bandas da década de 80 que revolucionou o rock no Brasil, mais conhecida como Camisa de Vênus. Para lhe mostrar que tirar conclusões antecipadas é uma maneira de defender a estupidez, gostaria de lhe apresentar uma banda oriunda do Norte da África. Mas se depois disso tudo você cogitar em pensar que na África só existe batidos de tambores, ai meu amigo, a sua total ignorância é maior do que eu imaginava.
Para comprovar o seu equivoco, apresento-lhe uma dupla que está conquistando o seu espaço pelo mundo. Amadou et Mariam nasceu na África e para surpreender ainda mais, eles nós contemplam com um blues de alta qualidade. Você deve estar pensando que blues só pode vir das margens do rio Mississipi, nos EUA, mas esse gênero tipicamente norte-americano também encontra adeptos em Mali. É lá que surgiu essa dupla musical incomum: o casal de cegos Amadou e Mariam, tocam o mesmo blues americano, mas ganham versatilidade graças às misturas com os ritmos dos tambores locais, que imprimem inesperadas variações e contratempos.Chega de conversa fiada, já está mais do que na hora de você conhecer algo interessante e surpreendente. Eles podem não enxergar, mas têm uma sensibilidade musical de tirar o chapéu. Aumente o som e deguste um blues africano.









Ícaro Vieira

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O mundo segue seco

O mundo anda seco.
Seco de tanto chorar e dizem por ai que essas lágrimas inundam
alguns lugares. A tristeza de um planeta recai sobre vários países.
Os ricos destroem tudo com suas empresas capitalistas, mas
quando o clima fica nervoso e despeja a sua ira, eles compram
barcos, casas no alto da montanha e o pobre? Se não sabe nadar,
morre afogado.
O mundo anda seco.
Seco de tanto gritar para todos nós que não agüenta mais tanta
poluição, em alguns lugares falta água, em outros sobra sol
escaldante. Chuvas desastrosas, secas profundas, ambigüidade
climática que vai destruindo o que era natural. Natural eram 4
estações em um ano, hoje não se vê isso mais. Natural é sombra,
peixes nadando, pássaros cantando soltos, rios cheios. Pergunte
para um adolescente paulista o que é natural. Para ele é fumaça,
é o céu cinzento, são rios poluídos. Ele nunca viu outra coisa e se
já viu, acha estranho. Mas sabemos que isso é artificial, a natureza
está sufocada e pede socorro.
O mundo anda seco e ainda aparecem uns loucos nos jornais e dizem
que o aquecimento global é uma bobagem. Bobagem é fingir que o
planeta vai bem e que isso um dia vai passar, enquanto isso industrias
enchem o céu de tristeza e sufocam as próximas gerações que talvez
não possam ver os verdes das nossas matas, o azul estonteaste do
céu e as montanhas magníficas de Minas Gerais.
O mundo anda seco e não quer água. Ele quer um pouco mais de
respeito para voltar a sorrir.



Ícaro Vieira