terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Aos trancos e barrancos

Ele não sabe onde está e aquele aperto no fundo do peito aumenta freneticamente. Ansiosos vivem pouco e a intensidade dos sentimentos sufoca o choro seco que desce ríspido pela traquéia. Já não sabe exatamente o que sentir, como agir, se precisa fingir, fugir, sumir... Estranho seria se ele não sentisse nada, mas não. Ser humano que é e muitas vezes irracional, ele sente com toda vontade tudo aquilo que acontece ao seu redor. Absorve todo ardor e estremece até a ponta dos cabelos. Quer seguir em frente mesmo assim, quer chegar longe por ele e não pelos outros. Ele senti a falta de si mesmo que às vezes foge do seu eu, senti falta de um monte de coisas e principalmente das pessoas que insistem viver longe do seu ser. Ser esse que é estranho, instável, nervoso, impiedoso, mas que também chora e sofre quando pode.
Já passa das 5 da manhã e não consegue dormir. Ansiosos vivem pouco e muitas vezes preferem morrer para viver em paz. Mas ele não, precisa é de tempo para pensar, precisa digerir o que está acontecendo, precisa por a cabeça no lugar e acreditar que tudo que aconteceu de errado em sua vida não passa de pequenos equívocos.
O aperto no peito volta atordoar seu âmago e na abstinência de um colo materno derrama suas lágrimas sobre o travesseiro. Inunda seu ninho de bobagens e torce para que no amanhecer o rio de insatisfação e tristeza tenha evaporado.
Talvez esteja enganado mais uma vez, talvez seja apenas o efeito de ter passado alguns dias muito bem acompanhado e agora esteja sozinho mais uma vez. Fantasmas vêm e vão. Mas não se preocupe, a solidão lhe faz bem, pode acreditar.
Mais uma mentira das muitas que ele diz. Ele precisa de você, ele precisa dele, precisa de todos, ele não suporta a solidão e a rejeição é amiga do auto flagelo... mas mesmo que o ignorem, mesmo se não lhe quiserem, chegará sozinho no lugar mais alto para que um dia eles possam o ver lá de baixo. A persistência é o seu forte.

Ícaro Vieira