sábado, 28 de novembro de 2009

Pomplamoose

Existem coisas na vida que não precisam ser explicadas. Não vou ficar aqui enumerando milhões delas, mas você provavelmente disse sim a afirmação que acabei de fazer. Uma delas é falar bem da banda americana POMPLAMOOSE. Esta banda é tão maravilhosa que fala por si só. Formada por um casal de namorados a banda está explodindo na internet com sua musicalidade absolutamente ímpar. Fazem versões de músicas consagradas que na verdade ficam bem melhores que as originais. Ignorância é comparar o Pomplamoose com o nosso Emerson Nogueira, a banda é muito mais rica e original. Mistura elementos diversos transformando as músicas em outras músicas completamente diferentes. É de encher os olhos de alegria, e provavelmente você sairá da frente do pc mais energizado.








Ícaro Vieira

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Stop Play Moon

Vou lhe confessar antes de mais nada. Preconceito, ô palavrinha burra. Sempre detestei qualquer tipo de música que misturasse uma batida eletrônica, sintetizadores, algo dançante, etc. e tal. Por exemplo, o disco do U2 – POP, para mim foi um fracasso, nunca aceitei a ideia dessa mistura, pop, rock e eletrônica. Mas ainda bem que mudamos e amadurecemos. Alguns amadurecem tanto que chegam a apodrecer, mas não é o meu caso. Hoje em dia, curto muito uma música que mistura ritmos envolventes, é o caso do Bajo Fondo, Nação Zumbi, Nena e vários outros.
Há exatamente 2 dias eu conheci uma banda nova, recém saída do forno. Tão nova que ainda não gravou nenhum cd, mas já é sucesso no velho mundo. Estou falando da banda STOP PLAY MOON, grupo nascido em São Paulo que toca nas mais badalas festas paulistanas, além de Inglaterra e França. Apesar de ser uma banda nacional, eles cantam em inglês. Outra coisa interessante é o fato da vocalista Geanine Marques, ser modelo, atriz, e inspiração confessa do estilista Alexandre Herchcovith. Mas ela não caiu nesse de paraquedas, Geanine trabalha com música há 10 anos e canta muito bem. Sua voz suave e totalmente feminina cria um magnetismo envolvente que faz qualquer um viajar.

Saiba mais sobre a banda, acesse: http://www.myspace.com/stopplaymoon




Ícaro Vieira

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Botox na vovó

Ela tem mais de setenta, peitos duros como as de uma ninfeta adolescente. Raras deformações pelo corpo. Malha cinco vezes por semana, vida sexual ativa e variada, adora rave. Sai com os amigos nos finais de semana, fuma um baseado para relaxar da vida agita.


Gasta milhares de reais por mês para manter a aparência saudável e o rostinho lisinho como uma bola de bilhar. Cremes de todas as raças, massagem linfática, lifiting, tratamento contra acne, paranóia da beleza. Passa horas à frente do seu laptop de ultima geração para ler dicas e mais dicas de como tratar bem a pele e manter o bumbum durinho. Evita frituras, salgados, doces e afins. Odeia cozinha, criar os netos e ser chamada de vovó. Para o Felipe, seu neto de 14 anos, deu a primeira camisinha e mostrou com a ajuda de uma banana caturra o modo de usar. Moderna, cabelos lisos de tanta chapinha, escova progressiva, formol a vista. No seu fox 1.6 só escuta dance music e ama de paixão mostrar a barriguinha tanquinho da lipoaspiração.


Mundo moderno, gente moderna, pensamentos modernos... assim é a vida que se transforma a cada instante. Hoje vivo uma situação estranha, ao mesmo tempo que estou inserido no mundo moderno ainda me lembro do “velho” mundo. Acho que a minha geração foi a última a ver certas coisas como uma avó de cabelos brancos e óculos de grau, sentada na sua cadeira fazendo tricô. Onde todo domingo o almoço era na sua casa, frango, macarrão, tutu. Uma senhora que amava dar banho nos netinhos, ensinava a rezar para o bom Deus, odiava palavrão. Rugas que demonstravam o seu passado, linhas do tempo que diziam muito mais do que apenas velhice.


Avó desse tipo está em extinção, quem teve vovós assim ainda se recordam de muitas situação engraçadas e gostosas. Sei que avós modernas como escrevi acima não são a maioria ainda, mas preste atenção e veja como elas mudaram bastante. O envelhecer está se tornando cada vez mais tardio. As vovós e vovôs de hoje são diferentes demais, não digo que nem melhor ou piores do que os do passado. Mas um dia quando eu contar para os meus filhos como eram os meus avós, eles irão rir e dizer: Você está muito velho papai.

Ícaro Vieira

terça-feira, 12 de maio de 2009

Amnésia no país do futebol

- Zé. Você tem acompanhado ultimamente os telejornais? Eu to impressionando com tanta brutalidade, violência, corrupção...


Silêncio na sala de TV


- A coisa ta é preta Zé. Guerra no Rio, milhões de assaltos nas ruas do nosso Brasil, extorsão, estupro, pedofilia. Ah!!! Por falar em pedofilia, prenderam um homem que molestava a sua filha há mais de 20 anos. O mundo ta é de cabeça para baixo. Ontem eu li uma notícia sobre os nossos políticos, o tanto que prometem e não fazem porra nenhuma. A maioria rouba e lava dinheiro lá para fora. Tem um deputado aí que estava com a carteira cassada, mas mesmo assim foi pego dirigindo alcoolizado. O viado matou duas pessoas. Aposto que vai pagar fiança e ficará soltinho como o arroz da minha falecida avó.


Barulho de garrafas sendo abertas, de copos sendo enchidos, biscoitinhos sendo mastigados.


- Éeeee Zé, a gente precisa fazer algo viu? Assim não dá meu amigo. Nossos filhos correm risco nesse mundão maluco de meu Deus. Ninguém tem sossego mais. Podemos ser assassinados dentro de casa a qualquer momento, nossas crianças podem ser violentadas em qualquer lugar. O narcotráfico já está atuando dentro das escolas, seqüestros relâmpagos fazem parte da nossa tempestade de terror. Você viu o caso da vizinha do 402? Ela foi seqüestrada pelo ex-marido. Tem cabimento? O amigo agora é inimigo Zé. Onde vamos parar? Assim não dá não. Puta que pariu cara, já chega.


- Chhhhhh. Cala a boca agora João que o futebol vai começar.


- É mesmo cara, simbora seleção canarinho!!! A melhor do mundo. País que tenho orgulho é esse nosso viu, a gente ganha tudo rapaz. E hoje vai ser mais um chocolate. Brasil e ô, Brasil e ô... mas aqui, o que eu tava falando mesmo?


- Sei lá Zé, você falou tanto que eu nem me lembro. Fica quietinho agora pra gente gostar de você. Vai vai vai Brasil, uuuuuuuuuu, quase um golaço.



Ícaro Vieira

segunda-feira, 4 de maio de 2009

As porcarias dos veículos de comunicação


Não sei se vocês percebem, mas algo que reparo já faz um bom tempo é o poder da mídia sobre o mundo. É ela que dita as regras, as tendências, o que deve ser feito, sobre o que vamos falar em nossas rodas de prosa. É uma força sobrenatural, surreal. Veículos de comunicação são os principais detentores do poder em nosso país e não sei se é por isso, que todo político que se preze, é dono ou sócio de algum jornal, revista, rádio, TV. É o famoso coronelismo eletrônico. Outra coisa que me desperta interesse e nojo é a exaltação que algumas matérias recebem. Algumas são muito mais interessantes e dignas de destaque, mas ganham apenas o rodapé com 5 linhas falando sobre o assunto. Só é capa aquilo que realmente vende. Os veículos de comunicação já perceberam isso há muito tempo e alguns jornais já fizeram a sua receita para vender cada vez mais. São basicamente 3 coisas que eles devem falar. Colocar uma mulher gostosa e pelada, muito sangue (entra neste quesito o pavor e o medo) e futebol. Lembram-se da vaca louca? Ela ganhou as manchetes de todos os jornais e enquanto era interessante ($) para os veículos, assumiu a capa de todos estes e de uma hora para outra desapareceu. Lembram-se daquela criança que foi jogada da janela do apartamento pelos pais? Enquanto ela gerou lucros para as mídias eu só ouvia e via isso em cada canal. Hoje eu nem me lembro o nome dela. Lembram-se da gripe suína? Durante uma semana eu fiquei com medo, desesperado, apreensivo. Pensei em mudar para Marte, comprei máscaras, me tranquei em casa, nem pela TV eu queria ver o jogo da seleção mexicana. Mas graças a Deus acho que ela foi embora, de sábado para domingo ela escafedeu-se e o campeão carioca (rsrsrsrsr) Flamengo assume a capa de todos os jornais do nosso maravilhoso e democrático país. O Flamengo é um herói, ele acaba de erradicar a gripe suína e considero esse feito um milagre. Os jornais dormiram no domingo devendo até as calças e acordaram na segunda no azul. Além de acabar com os malditos suínos gripados, o Clube de Regatas Flamengo salvou milhões de veículos de comunicação da falência. Será que o poder divino é do mengo ou dos visionários veículos? Afinal de contas saber a hora de mudar o foco das matérias é algo perspicaz ou melhor dizendo, valioso.

Ficarei aqui esperando ansioso pela próxima lambança.



Ícaro Vieira



segunda-feira, 23 de março de 2009

Música. Um santo remédio.

Alguém tem alguma dúvida que música faz bem não só para os ouvidos? Independente do estilo é sempre bom escutar uns acordes e cantarolar debaixo do chuveiro. Não consigo passar nem um dia sequer sem colocar o meu mp3 para funcionar, corro atrás de novidades musicais e de bandas antigas que deixaram suas importantes contribuições para os fãs. Tudo para escutar algo que me deixe em equilíbrio. Que me faça bem e contribua positivamente para o meu desenvolvimento profissional e pessoal. O fato é que a música é uma importante terapia no mundo moderno. Diante da correria do dia-a-dia, da tensão que suga a vida de muitas pessoas, cantar lava a alma, limpa o stress do corpo, revitaliza, faz a esperança surgir no meio de notas e cifras. Música faz um bem incomensurável. Isso é um fato. Médicos já usam a música como tratamento em diversos hospitais em todo o mundo, e já está comprovado cientificamente o tanto que o auxílio musical é vital para a melhora dos pacientes. Este é só um exemplo do tanto que a música é importante para todos nós.

Mas como tudo na vida tem dois lados, especialistas dizem que o som alto faz muito mal para a saúde. Eu sei disso na prática, meu pai, por exemplo, não escuta muito bem hoje, efeito de horas e horas em frente de caixas enormes, com alto-falantes potentes, que cuspiam riffs de guitarras. Pete toshend, guitarrista da lendária banda inglesa The Who, teve sua audição comprometida também pelo o som ensurdecedor de suas caixas amplificadas. Apesar de eu saber muito bem o que pode acontecer com a minha saúde se eu abusar e insistir em escutar música alta, confesso que não consigo degustar uma música baixa. A vibração não é a mesma, o tesão se esvai, a química que faz todos os pêlos do meu corpo ficarem de pé não reage. É um tédio escutar The Who, Pink Floyd, Pearl Jam, Stone Temple Pilots, Kings Of Leon, Rolling Stones, dentre outras bandas do gênero no volume mínimo. Esse tipo de som não foi criado para se colocar baixinho, as músicas foram criadas para escutar no talo, para sentir assim cada nota estalando no fundo da alma.

Agora não dá para escutar Toquinho, Vinícius e Chico Buarque no volume máximo. Você consegue perceber a grande diferença? Tipos de sons diferentes requerem volumes distintos. Mas independente do gosto musical o fato é que degustar uma boa música no volume certo faz muito bem para a saúde.

Não sou nenhum bom exemplo, mas se eu pudesse lhe dizer algo, eu diria: escute música. Escutar uma bela canção é viver, relembrar tudo de bom ou ruim que já se passou, é encantar a memória, eternizar um momento sublime. Música faz bem, isso é inegável.



Ícaro Vieira


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Quartel Alcoólatra 2009

Eu não gosto de samba enredo, eu não gosto dos G.R.E.S, eu não gosto da multidão se apertando, eu não gosto de axé e funk. Eu odeio cerveja quente, ter que urinar em qualquer lugar. Odeio gente tonta enchendo o saco, odeio briga e aquela espuminha que toda criança adora jogar. Não suporto o cheiro de lança-perfume e de serpentina. Não tolero pegar fila para pagar o sanduíche frio que comi, odeio o odor de urina que exala das calçadas, do trânsito irritante e do caos que a cidade fica neste período. Odeio quando falta água, quando a luz acaba e não agüento quando o supermercado está abarrotado de turistas folgados.

Apesar disso tudo eu adoro o carnaval. Contraditório? Muito.

Não é a festa que eu gosto e sim a ocasião. Esta é a única época que encontro com todos os meus amigos, familiares, gente que não vejo há muito tempo. Tento minimizar esses problemas que citei acima fazendo um churrasco em casa na parte da manhã, escutando um som de qualidade e tomando uma cervejinha bem gelada. Quando é hora de ir para a rua, eu junto a galera e levamos a nossa própria bebida, que por sinal sempre está estupidamente gelada. É dessa forma que vamos para a guerra, a fim de enfrentar todos os problemas e ter 5 dias de diversão. Eu trabalho o ano inteiro e nem adianta nego ficar falando que é alienação. Eu mereço. E já que é uma verdadeira batalha agüentar tanta confusão, eu montei o meu Quartel Alcoólatra Brasileiro, que este ano estará com 39 combatentes. É tanta festa que esses problemas serão contornados naturalmente mais uma vez. Apesar disso tudo, eu odeio a confusão do carnaval. Contraditório? Eu sou assim.


Obs: Esse post não é apologia ao uso de bebidas alcoólicas. É só uma brincadeira, pois no carnaval nossa turma gosta de sair e beber uma gelada. Ninguém passa dos limites, não arruma confusão e tem um detalhe importante. Todos vão para casa a pé.

Álcool e direção. Isso não dá samba.

Se beber, não dirija.


Ícaro Vieira

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Como todo bom mineiro


Todo o ano é a mesma coisa e você nem queria dizer que não. Eu sei o que estou falando. Mineiro que é mineiro de verdade espera ansioso pelo verão. São 11 meses árduos de trabalho, ralação, salários atrasados, problemas diversos e outras encrencas. Tudo isso levamos numa boa somente para esperar o dia de partimos para o litoral. Aqui não tem praia e o desejo inconsolável para se esbaldar em frente ao mar é avassalador. Neguinho fica o ano inteiro sem sair, sem gastar, sem comer, apenas para juntar uns trocados e pagar uma excursão para o Espírito Santo. Foda-se as contas pendentes, o negócio é voltar com uma marquinha de sol e um tererê no cabelo. É a coisa mais brega, mas é a pura verdade (risos).

Depois de 6 longos anos sem ir à praia, arrumei um feriado prolongado na última hora (milagres acontecem) e em um ato rebelde resolvi largar o mar de concreto e salgar o meu lindo glúteo na água salgado. Eu sou branco por natureza, mas confesso que nesses últimos dias eu já me considerava transparente. Muita gente chegou a imaginar que eu estava doente, mas o fato é que 78 meses dentro de um apartamento não faz bem a ninguém. Minha namorada foi quem deu a brilhante idéia e antes mesmo de concluir o seu pensamento eu já tinha concordado e comecei a arrumar as malas. Isso me fez um pouco de mal, porque a partir desse momento eu não consegui pensar em mais nada. Só falava na viagem e mesmo aqui em Minas eu já sentia o cheiro da maresia. A viagem foi marcada tão de sopetão que nem deu tempo de chamar algum amigo ou conhecido e lhe confesso que isso foi muito bom, pois eu precisava viajar sozinho com minha namorada, conversar um pouco e colocar a cabeça no lugar.

Combinamos de sair de Minas em direção ao mar às cinco da matina, mas uma chuva estrondosa desabava sobre os céus da minha cidade natal e atrasamos alguns minutos, que para mim eram preciosos. Pensei: Alegria de pobre dura pouco. Espero 6 anos por isso e agora o mundo resolve acabar em água? PQP. Comprei todas as guloseimas para a viagem, separei os melhores cd´s que eu tenho, lavei o carro impecavelmente, levei o possante para a revisão e agora vou pegar chuva? Era o que me faltava.

Mas como eu já havia prometido a mim mesmo que nada iria me tirar do sério, eu resolvi não absorver a ira do tempo e liguei o foda-se. Eu estava indo para descansar e nem a chuva me impediria de tomar minha cerveja gelada de frente para o mar.

Ahhhhh, esqueci de falar qual era o meu destino. Como todo bom mineiro eu estava indo para Guarapari-ES. Apesar de todo mundo ir para lá eu até então não conhecia o lugar. Confesso que eu não sabia se sentia vergonha ou superioridade de não conhecer “A Praia de Minas”. Mas tive boas surpresas naquele território praiano.


Pegando a Rodovia Federal, enormes crateras me receberam de braços aberto, em cada buraco havia um carro parado. Talvez a intenção seja reduzir o número de visitantes ao Espírito Santo, uma vez que a mineirada faz uma bagunça infernal. Essa foi a única explicação que eu encontrei, porque eu pago o IPVA todo ano (e já está chegando mais um) e falta de dinheiro para arrumar a BR não pode ser. Mas graças a Deus eu não caí em nenhum e podemos considerar isso um milagre. Apesar da chuva intensa que ainda continuava eu consegui chegar são e salvo. Muitos motoristas roda-dura tentaram me tirar da estrada, mas não foi dessa vez. Eu estava com o pensamento fixo no litoral e chegaria lá de qualquer jeito. Comi todas as porcarias que comprei na estrada, tirei milhares de fotos nos restaurantes de beira de estrada e o visual era o mesmo. Cinza, chuvoso e muita neblina. A vontade de chorar de raiva me apertava a garganta a todo instante, mas minhas energias positivas estavam varrendo as nuvens negras para outro lugar. Já no Estado do Espírito Santo perguntei a um nativo como estava o tempo nesses últimos dias e ele me respondeu com um sorriso nos olhos que há 15 dias não parava de chover e a previsão era de mais chuva nos próximos 10 dias. FODEU!!! Foi o que eu falei para a minha namorada, co-piloto, guia e outras coisas (ela foi a companhia perfeita). Agora eu tinha a certeza que não veria o sol. Só podia ser praga de algum invejoso. Pobre quando não vai a praia, seca os que vão. Malditos.

Vi que o movimento na estrada era intenso no sentido para o litoral e nem quis saber da chuva. Liguei o meu carango e segui viagem. Por incrível que pareça uma abertura surgiu no céu e uma luz fraca começou dar o ar da graça. Meu santo é forte. A alegria foi geral, pelo menos no meu carro e acredito que nos demais também. Até foto da inusitada cena nós tiramos, era um milagre. Tudo que o nativo tinha dito há uns 15 minutos atrás estava indo ralo abaixo. E realmente a chuva foi embora, parei o carro e começamos a dançar. Festejar a energia solar que iria restabelecer a nossa alegria.

Chegando em Guarapari me deparei com uma situação corriqueira. Eu precisava chegar a casa que iríamos ficar, mas nenhuma placa indicava o local. No Brasil isso é super natural. O turista tem que adivinhar onde é. Acho que também não é por maldade ou falta de estrutura, mas essa situação deve ser para estimular o convívio social, a interação, a conquista de novos amigos, a comunicação. Se você não acha o lugar desejado, o mais correto é parar e tentar se informar com alguém que conhece. Isso estimula a troca de informações e o contato. O Brasil é um país diferente, acolhedor, receptivo, não é verdade? Parei em vários locais diferentes para perguntar como eu iria chegar ao local desejado e minha ânsia por uma cerveja gelada era ainda maior.


Todo mundo estava de biquíni e sunga. Achei estranho no começo, eu já tinha me esquecido como era o clima de praia. Fui seguindo beira-mar até me aportar na casa onde eu passaria meus próximos 7 dias. O lugar era maravilhoso e uma completa infraestrutura estava esperando por mim. Piscina, sauna, área para churrasco, fogão a lenha. Tudo que eu precisava para ficar ainda mais feliz tinha lá. Já sabia que sóbrio era um estado que eu não ficaria nessa semana. Isso sem falar na galera que morava na casa e algumas outras visitas. Uma família muito acolhedora e alegre.

Nem reconheci o ambiente direito e já me chamaram para ir a um quiosque onde havia uma música ao vivo. Isso foi a mesma coisa que jogar o sapo na água. Mas a chuva voltou a cair. Nesse momento eu não estava nem aí. O barzinho estava lotado e mesmo molhados a moçada não deixava a animação cair. A música seguia em um ritmo frenético na mesma intensidade que a cerveja descia garganta abaixo. Até uma palinha eu dei no quiosque cantando uma música do Capital Inicial. Parece que todos gostaram, porque bateram muitas palmas logo que acabei. Será que eles ficaram satisfeitos pelo fim do martírio. Será que canto mal assim? Eu nem quis pensar nisso (risos), tava bão demais. Lá pelas tantas fomos embora sem saber onde eu estava. Ainda bem que alguns amigos me guiaram até a minha morada. Logo no primeiro dia eu já coloquei o pé na jaca. E mesmo antes de terminar aquela noite eu já estava pensando no dia seguinte. Afinal de contas eu ainda não tinha caído no mar. Amanhã seria o grande dia.


Acordei às 5 e 20 da manhã só para ver se a chuva tinha parado. Novamente encontrei um espaço aberto entre as nuvens e despertei minha namorada para comemorar comigo. Ela perguntou se eu era louco e me mandou dormir, mas logo começou a rir da situação. Fiquei enrolando até dar umas 6 horas e não agüentei mais. Levantei e comecei a me preparar para a celebração. Cair no mar depois de 6 anos pode se considerar um momento sublime. Me lambusei de protetor solar, tomei um café reforçado e segui para o mar como uma tartaruga depois de botar os ovos na areia da praia. Escolhemos o melhor quiosque e começamos. Garçom desce uma, outra, mais uma, duas, espetinho por favor, água de coco, camarão, peixe... eu parecia um menino no litoral. Comi de tudo. O calor foi apertando e pensei mil vezes antes de tirar a blusa. Todo mundo morenino e eu branco como uma cera. Fiquei sem graça, mas quer saber, para ficar morenino como eles eu vou ter que começar agora. Daqui a alguns dias eu ir estar na cor do pecado. Olho só: o mar a minha frente, uma cerveja e uma ótima companhia. Para que eu iria me preocupar? Tudo estava perfeitamente no lugar. Paz total.

Isso foi até começar a passar os famosos vendedores ambulantes. Vai um camarão aí chefe? Uma canga? Uma bolsa senhora? Uma tatuagem? Óculos aí dôtor? PQP só me faltava essa. Eu já não me lembrava disso. Até gente pedindo esmola eu vi. Até onde eu me lembre na praia tem sempre um querendo vender alguma coisa para ganhar dinheiro e não alguém querendo dinheiro sem trabalhar. Essa nova modalidade me assuntou. A mulher que me pediu esmola escutou algumas verdades que eu disse e ela me mandou enfurecida para o quinto dos infernos. Não sei onde fica, mas mais quente que ali onde estávamos não poderia ser. Então pedi o garçom para descer mais uma gelada. Eu quero me refrescar.


Fui dar o meu primeiro mergulho. Antes desse acontecimento tirei umas fotos para guardar de recordação. Viva a era digital, cheguei em Minas com umas 500 fotos. Pronto, mergulhei. Tudo estava indo bem até que vejo uma criança gritando SOCORROOOOOOOOOOO. Eu já estava no grau e nem dei muita confiança, imaginei que deveria ser um moleque querendo aparecer. Sempre tem os engraçadinhos querendo chamar a atenção dos pais. Mas os gritos continuaram e eu fique pensando. Será que ele está afogando ou será que é brincadeira? Se eu fosse socorrê-lo e me deparasse com uma piadinha de mau gosto, eu juro que iria enfiar a cabeça do moleque debaixo da água e só tiraria quando as borbolhas parassem de sair. Por isso, preferi não ir ajudá-lo. Eu poderia ser preso e minha alegria acabaria. Mas uma mulher veio desesperada e o salvou. Não é que o pivete estava afogando mesmo? Fiquei com um peso na consciência e por um instante imaginei que se ele morresse ali a poucos metros de mim, seria o fim das minhas pequenas férias. A partir desse episódio fiquei mais esperto aos fatos que ocorriam ali naquela areia. Tinha muito nego bobo (risos). Isso sem me excluir é claro.


Apesar desses fatos interessantes e engraçados, eu fiquei muito surpreso com as praias de Guarapari e de toda a região. São lindas e, diferente do que todos dizem, são muito organizadas. Lógico que tem um pouco de poluição que os turistas mal educados deixam, além da farofada, mas a prefeitura faz um belo trabalho de limpeza. O som alto nos carro é proibido e bagunça até de madrugada tem limite. Guarapari é hoje uma das praias mais lindas do Espírito Santo, mas quem vai apenas para ficar na praia do Morro não sabe o que está perdendo. Existem praias mais afastadas onde o número de turistas é bem inferior. Locais ideais para levar a família. Fiquei 7 dias por lá e aproveitei muito. São momentos que jamais esquecerei. Encontramos nossos velhos amigos e fizemos novas amizades também. Final da história: tomei milhares de litros de cerveja, comi muito, tirei milhões de fotos, fiz várias amizades, chorei preços com todos os vendedores ambulantes, falei igual pobre na chuva, fiz muita palhaçada, toquei violão até as pontas dos dedos ficarem na carne viva, namorei bastante e fiquei com a testa ardendo. Tudo do jeito que tem que ser, na medida exata.


Até mais Guarapari, eu volto se Deus quiser. Obrigado a todos que me receberam nesse lugar encantado. O povo capixaba sabe tratar bem os mineiros. E mineiro quando vê um mineiro em um outro Estado vira a maior festa. Foi o que fizemos (risos).


Ícaro Vieira



quarta-feira, 7 de janeiro de 2009