Ela tem mais de setenta, peitos duros como as de uma ninfeta adolescente. Raras deformações pelo corpo. Malha cinco vezes por semana, vida sexual ativa e variada, adora rave. Sai com os amigos nos finais de semana, fuma um baseado para relaxar da vida agita.
Gasta milhares de reais por mês para manter a aparência saudável e o rostinho lisinho como uma bola de bilhar. Cremes de todas as raças, massagem linfática, lifiting, tratamento contra acne, paranóia da beleza. Passa horas à frente do seu laptop de ultima geração para ler dicas e mais dicas de como tratar bem a pele e manter o bumbum durinho. Evita frituras, salgados, doces e afins. Odeia cozinha, criar os netos e ser chamada de vovó. Para o Felipe, seu neto de 14 anos, deu a primeira camisinha e mostrou com a ajuda de uma banana caturra o modo de usar. Moderna, cabelos lisos de tanta chapinha, escova progressiva, formol a vista. No seu fox 1.6 só escuta dance music e ama de paixão mostrar a barriguinha tanquinho da lipoaspiração.
Mundo moderno, gente moderna, pensamentos modernos... assim é a vida que se transforma a cada instante. Hoje vivo uma situação estranha, ao mesmo tempo que estou inserido no mundo moderno ainda me lembro do “velho” mundo. Acho que a minha geração foi a última a ver certas coisas como uma avó de cabelos brancos e óculos de grau, sentada na sua cadeira fazendo tricô. Onde todo domingo o almoço era na sua casa, frango, macarrão, tutu. Uma senhora que amava dar banho nos netinhos, ensinava a rezar para o bom Deus, odiava palavrão. Rugas que demonstravam o seu passado, linhas do tempo que diziam muito mais do que apenas velhice.
Ícaro Vieira
2 comentários:
Que bom que você retornou. Já estava sentindo falta dos seus textos, de seu ponto de vista, de suas percepções. Seja novamente bem-vindo aquele que me levou a construir meu próprio blog. Realmente... em tempos como este, em que as pessoas vivem em tempo real, envelhecer nunca foi tão complexo e, ao mesmo tempo, tão emocionante. O paradigma do velhinho aposentado, improdutivo, demente, que espera a hora da morte chegar, definitivamente se esvai. Bom texto! Abraço, irmão!
Vc será um velhinho enrugado, com óculos fundo de garrafa, dentadura despregando que olha as ninfetinhas na praça enquanto joga gamão com os colegas e diz "aaai se eu tivesse um viagra comigo".
Brincadeiras a parte, muito legal o seu texto continue escrevendo cara! Vc tem talento.
Um abraço do Khalled
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