Tudo parecia conspirar a favor. Tive uma noite tranqüila de sexta para sábado e não fiz nada de exaustivo que pudesse abalar o meu corpo no dia seguinte. Precisava de concentração, pois o que me esperava era algo que eu desejava há muito tempo e minha energia (corporal e mental) precisava ser carregada.
Antes do galo (pensar) em cantar eu já estava de pé. Energético e vibrante. O mau humor matinal rotineiro instituiu férias do meu corpo naquela manhã de sábado. Liguei o som e aumentei um pouco antes de entrar para o banho. Precisava decorar e afinar as cordas vocais para a Noite Perfeita. Saí da ducha mais vitalizado que antes, o tom certo e a dose exata de adrenalina estavam no meu sangue.
Tomei um café reforçado e li um pouco o jornal que estava sobre a mesa. Notícias relacionadas ao evento que iria acontecer naquela noite estavam por todas as páginas. Dessa forma eu ia me inteirando sobre as novidades e sentindo o clima do lugar. Troquei de roupa e fui direto ao centro da cidade resolver alguns problemas. Além do mais, precisava comprar algumas coisas para o aquecimento que iríamos fazer na casa da Rafaella antes do show e sentir na pele o aquecer que excitava toda a urbe. Cartazes por todos os lados, aglomeração em todas as esquinas. Tudo fervia de felicidade.
Comprei algumas caixas de cerveja e aperitivos. Logo a minha inquietação e da minha namorada se somaria a de mais 2 pessoas e juntos invadíramos o clube da cidade onde tudo aconteceria. Para terminar de vitalizar o meu gás, fui almoçar e em seguida embernar. Felizes são os ursos que dormem 6 meses seguidos. Tudo estava indo bem e nada poderia atrapalhar meus planos.
Acordei por volta das 18 horas, um pouco sonolento e o que eu mais precisava era uma gelada para abrir com chave de ouro a minha noite. Pronto, agora faltavam poucas horas para o show e despertei mais energético do que já sou de costume. Fui até a geladeira e como em um ritual sagrado abri minha primeira garrafa de cerveja. Minha garganta estava seca e áspera. Chamei minha namorada e os amigos para um brinde, afinal aquilo seria o começo de tudo. O começo de uma noite perfeita.
Aprontamos rapidamente e seguimos para o local do show. Nem fila enfrentamos e corremos para nos posicionar no melhor lugar. Nada e nem ninguém poderiam nos atrapalhar. Antes do inicio do espetáculo vi uma fila perto do palco e como bom curioso que sou, fui lá perguntar do que se tratava aquela aglomeração. Alguém disse: é pra ver o Leoni.
Rapidamente peguei minha lata de bebida alcoólica e entrei na fila. Não podia perder aquela oportunidade. Encontrar um ídolo cara a cara é algo mágico. Sabia que poderia me decepcionar, pois se o cara fosse antipático ou estrela demais, rapidamente o meu tesão iria por água abaixo.
Minha vez chegou rapidamente e ao descer as escadas para o camarim me deparo com ele. Sério e com cara de que acabou de acordar ele veio em minha direção. Abriu um sorriso cordial, apertei a sua mão e começamos a conversar como se fossemos amigos antigos. Tudo que um fã faz eu me propus a fazer naquela noite. Tirei foto, ganhei paleta, tirei mais foto e conversei o máximo que pude. Muitas palavras sumiram da minha cabeça, natural de quem fica nervoso. Mas isso não fez a menor diferença, saí do camarim outra pessoa, mais animado para ver o show. Voltei para o meu lugar e esperei nervosamente o início da apresentação.
Logo aparece um cara na frente do palco e anuncia o cantor. Gritos histéricos me ensurdeceram e não pude me conter. Aparece o Leoni com um violão maravilhoso tocando “Por que não eu?”. Em seqüência vieram outras belas canções que ficaram famosas na voz de Paula Toller. Parei pra pensar o quanto o Kid Abelha explorou a criatividade do Leoni, foram anos levando aquela banda nas costas e ainda acham que ele é que usurpou o Kid Abelha. Santa ignorância. Além das canções antigas, ele apresentou ao público novas músicas, tão boas quanto os velhos sucessos. Leoni continua ativo e melhor do que nunca. Sua voz melhorou com o passar dos anos, não desafina e não erra uma nota sequer e sabe como ninguém fazer um repertório perfeito. Presença de palco ímpar, diálogos com a platéia foram breves e precisos, ele sabe encantar quem está presente. O mais magnífico foi ver como um único violão e uma única voz podem fazer um belo show. Não senti falta da banda, ele é único e completo.
Uma surpresa para os fãs foi quando ele tocou a única música que ficou famosa em sua voz, “Garotos”. Ele fez a introdução e a platéia cantou na mesma sintonia. Rapidamente ele desceu do palco com o seu violão e caminhou no meio da galera. Um espetáculo a parte dado por ele e por todos que cantaram. Simplesmente surpreendente. Leoni soube mesclar o velho com o novo de uma maneira que o show não foi nem curto, nem longo. Foi do tamanho certo para deixar todos com gostinho de quero mais. E por falar nisso, o nome da turnê que foi na cidade chama-se a Noite Perfeita. Será por que hein?
No final da apresentação novamente a fila para vê-lo se formou e fui lá. Custei para entrar dessa vez, pois os seguranças disseram: Esse cara já entrou aqui e não pode ir de novo.
Mas dei o meu jeito e quando eles assustaram, eu já estava ao lado dele. E o mais incrível é que ele me chamou pelo nome. Conversamos mais um pouco e fui embora para casa com a alma leve e com a cabeça cheia de lembranças. Realmente a turnê faz jus ao nome. Essa foi a minha Noite Perfeita.
Obs: Para quem acha que Leoni já era, que é um cantor que ressuscita o passado e sobrevive das velhas canções, entrei no site: www.leoni.com.br
É um site muito interativo onde você pode baixar em alta qualidade as novas canções, conhecer sua nova banda e os seus projetos. Ele é um excelente compositor digno de fazer parcerias com Frejat, Cazuza, Alvin L. dentre outros. Além de um músico versátil, ele é uma ótima pessoa.
Saudades é o que sinto.
Ícaro Vieira