Tudo parecia conspirar a favor. Tive uma noite tranqüila de sexta para sábado e não fiz nada de exaustivo que pudesse abalar o meu corpo no dia seguinte. Precisava de concentração, pois o que me esperava era algo que eu desejava há muito tempo e minha energia (corporal e mental) precisava ser carregada.
Antes do galo (pensar) em cantar eu já estava de pé. Energético e vibrante. O mau humor matinal rotineiro instituiu férias do meu corpo naquela manhã de sábado. Liguei o som e aumentei um pouco antes de entrar para o banho. Precisava decorar e afinar as cordas vocais para a Noite Perfeita. Saí da ducha mais vitalizado que antes, o tom certo e a dose exata de adrenalina estavam no meu sangue.
Tomei um café reforçado e li um pouco o jornal que estava sobre a mesa. Notícias relacionadas ao evento que iria acontecer naquela noite estavam por todas as páginas. Dessa forma eu ia me inteirando sobre as novidades e sentindo o clima do lugar. Troquei de roupa e fui direto ao centro da cidade resolver alguns problemas. Além do mais, precisava comprar algumas coisas para o aquecimento que iríamos fazer na casa da Rafaella antes do show e sentir na pele o aquecer que excitava toda a urbe. Cartazes por todos os lados, aglomeração em todas as esquinas. Tudo fervia de felicidade.
Comprei algumas caixas de cerveja e aperitivos. Logo a minha inquietação e da minha namorada se somaria a de mais 2 pessoas e juntos invadíramos o clube da cidade onde tudo aconteceria. Para terminar de vitalizar o meu gás, fui almoçar e em seguida embernar. Felizes são os ursos que dormem 6 meses seguidos. Tudo estava indo bem e nada poderia atrapalhar meus planos.
Acordei por volta das 18 horas, um pouco sonolento e o que eu mais precisava era uma gelada para abrir com chave de ouro a minha noite. Pronto, agora faltavam poucas horas para o show e despertei mais energético do que já sou de costume. Fui até a geladeira e como em um ritual sagrado abri minha primeira garrafa de cerveja. Minha garganta estava seca e áspera. Chamei minha namorada e os amigos para um brinde, afinal aquilo seria o começo de tudo. O começo de uma noite perfeita.
Aprontamos rapidamente e seguimos para o local do show. Nem fila enfrentamos e corremos para nos posicionar no melhor lugar. Nada e nem ninguém poderiam nos atrapalhar. Antes do inicio do espetáculo vi uma fila perto do palco e como bom curioso que sou, fui lá perguntar do que se tratava aquela aglomeração. Alguém disse: é pra ver o Leoni. Rapidamente peguei minha lata de bebida alcoólica e entrei na fila. Não podia perder aquela oportunidade. Encontrar um ídolo cara a cara é algo mágico. Sabia que poderia me decepcionar, pois se o cara fosse antipático ou estrela demais, rapidamente o meu tesão iria por água abaixo.
Minha vez chegou rapidamente e ao descer as escadas para o camarim me deparo com ele. Sério e com cara de que acabou de acordar ele veio em minha direção. Abriu um sorriso cordial, apertei a sua mão e começamos a conversar como se fossemos amigos antigos. Tudo que um fã faz eu me propus a fazer naquela noite. Tirei foto, ganhei paleta, tirei mais foto e conversei o máximo que pude. Muitas palavras sumiram da minha cabeça, natural de quem fica nervoso. Mas isso não fez a menor diferença, saí do camarim outra pessoa, mais animado para ver o show. Voltei para o meu lugar e esperei nervosamente o início da apresentação.
Logo aparece um cara na frente do palco e anuncia o cantor. Gritos histéricos me ensurdeceram e não pude me conter. Aparece o Leoni com um violão maravilhoso tocando “Por que não eu?”. Em seqüência vieram outras belas canções que ficaram famosas na voz de Paula Toller. Parei pra pensar o quanto o Kid Abelha explorou a criatividade do Leoni, foram anos levando aquela banda nas costas e ainda acham que ele é que usurpou o Kid Abelha. Santa ignorância. Além das canções antigas, ele apresentou ao público novas músicas, tão boas quanto os velhos sucessos. Leoni continua ativo e melhor do que nunca. Sua voz melhorou com o passar dos anos, não desafina e não erra uma nota sequer e sabe como ninguém fazer um repertório perfeito. Presença de palco ímpar, diálogos com a platéia foram breves e precisos, ele sabe encantar quem está presente. O mais magnífico foi ver como um único violão e uma única voz podem fazer um belo show. Não senti falta da banda, ele é único e completo.
Uma surpresa para os fãs foi quando ele tocou a única música que ficou famosa em sua voz, “Garotos”. Ele fez a introdução e a platéia cantou na mesma sintonia. Rapidamente ele desceu do palco com o seu violão e caminhou no meio da galera. Um espetáculo a parte dado por ele e por todos que cantaram. Simplesmente surpreendente. Leoni soube mesclar o velho com o novo de uma maneira que o show não foi nem curto, nem longo. Foi do tamanho certo para deixar todos com gostinho de quero mais. E por falar nisso, o nome da turnê que foi na cidade chama-se a Noite Perfeita. Será por que hein?
No final da apresentação novamente a fila para vê-lo se formou e fui lá. Custei para entrar dessa vez, pois os seguranças disseram: Esse cara já entrou aqui e não pode ir de novo. Mas dei o meu jeito e quando eles assustaram, eu já estava ao lado dele. E o mais incrível é que ele me chamou pelo nome. Conversamos mais um pouco e fui embora para casa com a alma leve e com a cabeça cheia de lembranças. Realmente a turnê faz jus ao nome. Essa foi a minha Noite Perfeita.
Obs: Para quem acha que Leoni já era, que é um cantor que ressuscita o passado e sobrevive das velhas canções, entrei no site: www.leoni.com.br É um site muito interativo onde você pode baixar em alta qualidade as novas canções, conhecer sua nova banda e os seus projetos. Ele é um excelente compositor digno de fazer parcerias com Frejat, Cazuza, Alvin L. dentre outros. Além de um músico versátil, ele é uma ótima pessoa.
Sou um amante da música. Na verdade sou fascinado, louco, alucinado por tudo que faz “barulho”. Não consigo passar um dia sem escutar uma boa canção, elas fazem parte da trilha sonora da minha vida. Devido a essa ambição musical, diariamente entro na internet, vasculho a parte cultural dos jornais e revistas à procura de novas bandas, estilos inovadores ou mesmo artistas clássicos que são esquecidos pelas mídias. Passo horas coletando informações e no final escuto várias canções para tirar as minhas próprias conclusões. Odeio a crítica jornalistas pré-fabricada, que se acha dona da verdade. Se algo é bom pra mim pode não ser para você. É por isso, que prefiro analisar bem as informações que estão por aí e escutar tudo que existe. Do lixo ao luxo.
Mas isso não importa agora. Em uma dessas viagens pelo mundo digital descobri um sujeito chamado Andy Mckee. Nascido nos Estados Unidos em 1979, Mckee é considerado um fenômeno, um guitarrista ousado, que utiliza uma técnica diferenciada no mundo artístico. Seu estilo de tocar ganhou destaque internacional e a cada dia ganha mais visibilidade. Com 4 álbuns em toda sua carreira, Mckee conta com influências diversas como: Eric Johnson,Dream Theater, Michael Hedges, Preston Reed, Björk, Metallica, Joe Satriani, Pantera, Toto, Peter Gabriel, King Crimson, entre outros.
Escute e principalmente veja o que esse cara é capaz de fazer. Surpreendente e emocionante.
Acordei atordoado durante a madruga, completamente molhado. Tudo era decorrente de um calor infernal que castiga os países dos trópicos. Cabeça latejando e a paisagem que circunda a janela estava intacta. Parecia uma pintura. Nenhum sinal de vento ou chuva.
Caminhei sonolento pelo corredor levemente iluminado pela lua, em direção à geladeira. Água era o bem mais sagrado naquele momento, juntamente com um ventilador, é claro. O calor era tão intenso que as estrelas davam a sensação de emitir calor, assim como o sol.
Abri com avidez a “fazedora de gelo” e me assustei com o pingüim que fica em cima dela. Estava dentro freezer, abatido e visivelmente choroso. Claro que aquilo não era normal e tive a sensação de que o calor era tão alucinógeno quanto um cigarro de ópio. Eu estava vendo coisas?
Instintivamente imaginei o que poderia estar ocorrendo com o meu enfeite de pingüim.
Tudo era proveniente do calor, ele deveria estar triste porque o mundo está se desmanchando, derretendo e seus familiares e amigos podem deixar de existir. Gritei abismado: CLARO QUE SÓ PODIA SER ISSO! Imagina a situação dos pingüins que vivem nas geleiras, a cada dia pedaços enormes de placas de gelo viram água e o efeito estufa está transformando os árticos em um microondas gigante. Ursos perderam suas vidas e as focas marinhas entre outros animas tipicamente “gelados” daqui a algum tempo deixaram de existir. A água cobrirá todo o planeta terra e nós humanos não fazemos nada. Nós só devastamos mais, compramos mais pra aquecer a economia que assim produz mais e consequentemente polui mais. Tudo isso aquece o planeta terra. Agora ficou claro. É exatamente isso que está se passando na cabeça daquele pequeno esfeniscídeo. Só podia ser isso que estava o deixando deprimido.
Para tentar amenizar a situação e evitar quem sabe um suicídio do bichano, proferi palavras de carinho e incentivo. Disse que tudo iria mudar, falei que seria um membro do Greenpeace e que de agora em diante lutaria pelo planeta.
Rapidamente ele me respondeu: Você está louco? O que você está falando sua anta. Fecha essa porta e vá dormir.
Eu: O que é isso pingüim? Só estou querendo ajudar. Vi a sua atual situação e já sei o que está ocorrendo, sei exatamente o motivo da sua tristeza.
Pingüim: Ahhhhh é? Você sabe? Não me faça rir seu humano idiota. O que é então que se passa comigo?
Eu: É por causa da destruição do planeta, das geleiras que estão se derretendo né?
Pingüim: Hahahahahahahahaha, claro que não. Você acha que eu vou chorar por isso? Motivos tão tolos que são simples de se resolver com ar condicionado, ventilador, geladeira pra fazer os gelos...
Eu: O que você disse? Não estou acreditando, porque você está tão triste e nervoso então?
Pingüim: Você não acompanha os jornais não seu desprovido de cultura popular? O Dado Dolabella brigou feio com a Luana Piovani. Isso é um caos, um casal tão lindo terminar assim. Eu quero morrerrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. Oh! mundo cruel. O que vou fazer com todos os pôsteres que comprei deles juntos, todas as cartas que escrevi e ainda não encontrei e o blog que criei só para eles? A vida não tem mais sentido. Ohhhhhhh meu Deus, por quê?
Não acreditando no que ouvi, virei as costas e fui dormir. Mas antes desliguei a geladeira e deixei a porta aberta na esperança que toda a ignorância e a alienação desse povo pudessem morrer. Talvez assim o mundo poderia nãoacabar ou pelo menos, os jornais sensacionalistas e boçais não seriam uma realidade, pois não existiriam pessoas tolas para comprarem matérias idiotas.
Dizem que nova-iorque é um lugar diferente, que abriga todas as nacionalidades existentes no planeta terra. Segundo os críticos o que faz sucesso por lá, vai explodir depois no mundo inteiro. Foi assim com os Strokes, Kings Of Leon, Pearl Jam entre outros artistas da música. Pois bem, para mostrar a realidade e o peso da mística que envolve nova-iorque, a banda Gogol Bordello aparece para valorizar ainda mais isso. Com um estilo de música que podemos chamar de punk-cigano, o grupo é composto por músicos de várias etnias como Ucrânia, Rússia, Israel, Etiópia, China, Escócia, Tailândia, Equador, Japão, Romênia e é claro E.U.A.
Gogol Bordello sabe muito bem fazer uma mistura estranha, porém rica em ritmos, sonoridade e energia. É um dos shows mais quentes e animados dos últimos anos. O grupo mistura teatro, elementos circenses com música de qualidade. Impossível ficar indiferente quando a banda começa a tocar. Vale a pena ressaltar que em outubro o grupo estará no Brasil para tocar no Tim Festival. Assista aos vídeos e me diga se dá para ficar parado.
Ele fez promessas milagrosas. Disse que o choque de gestão é preciso para cidade se transformar. Prometeu um novo hospital, saúde e qualidade de vida para toda a população. Nossa gente vai trabalhar porque segundo as suas promessas indecorosas novos empregos serão gerados, novas fábricas migrarão para nossa terra e a felicidade tomará conta do nosso povo.
Ele disse que todas as escolas serão reformadas e ampliadas. Professores qualificados acabaram com o analfabetismo na região. Material didático da melhor qualidade, bolsa para os estudantes mais carentes serão uma realidade. Afirmou no palanque que o combate intensivo à criminalidade e às drogas irão modificar a situação vergonhosa que se encontra o município em relação aos altos índices de violência. Aumento do policiamento extensivo será uma constante, além de novas viaturas e armamento. A população precisa de segurança, pois a cidade irá crescer e pessoas oriundas de outras bandas irão se instalar por aqui. Afirmou em uma das várias entrevistas que deu nas rádios locais.
Também disse. “A zona rural ganhará um aliado forte, olharemos com carinho para os produtores rurais. Investiremos nas estradas para escoar a produção, policiamento noite e dia para o povo mais sofrido”. Ele disse belas palavras no comício realizado no distrito da cidade.
As crianças ganharam merenda de alta qualidade, áreas de lazer, pista de skate e bicicross. Os idosos terão um espaço destinado a práticas esportivas, acompanhamento médico gratuito e muito mais. Ainda disse que conta com o apoio do Governo Federal e Estadual. É carne e unha com o Aécio Neves, conhece o Lula desde quando eram crianças. Afirmou ser influente e que mudará o futuro da nossa querida cidade. Ele conta com o seu voto.
Para quem acredita em papai Noel está é uma ótima oportunidade de viver no mundo dos sonhos e da fantasia. Natal é uma época linda, onde crianças inocentes alimentam seus sonhos e esperança. Enquanto os pequeninos têm essa data para voar no mundo da imaginação, os grandinhos saboreiam a mesma experiência na época das eleições. Nossos papais Noels prometem presentes magníficos, projetos monstruosos e tudo não passa de um sonho angelical. Eles ganham nossos votos, saboreiam a doçura da vitória e dão de presente uma banana para o cidadão. Todas as promessas de campanha são deixadas de lado e o saco do papai Noel fica cada vez mais cheio. Cheio de dinheiro, casas, carros, mulheres, corrupção, etc.
No dia 5 de outubro escolha o seu papai Noel, mas esteja preparado para acordar e ver o pesadelo que a cidade irá se transformar. É dinheiro no bolso e que se foda o povo. Hohoho!!!
Lá vem ele, caminhando lentamente. Dificuldade estampada em cada passo lento. Auxiliado pela enfermeira recém contratada, arrasta-se em meio aos carros apressados. Passeio matinal faz bem para os ossos, dizia o seu médico geriatria. Cabelos ralos, dentes são solitários em sua boca, fios brancos. A pele enrugada anuncia a vida sofrida e os muitos anos que passou para chegar até aqui. Os ruídos da cidade já soam baixo demais, as cores vivas das ruas ficam lavadas aos seus olhos. Nada pra fazer, marasmo, tédio. Ele espera a sua hora chegar e nada chama a sua atenção como antigamente. Não a nada mais para se descobrir. Tudo é velho.
Apesar de ter um dia inteiro pela frente, sabe como ninguém que o tempo é curto. O fim da linha se aproxima a cada instante e mesmo assim ele sorri para o que acaba de ver. Do outro lado do passeio observa atentamente, porém desfocado pela catarata que o incomoda a alguns anos, uma mãe carregando o seu filho. Uma criança que acabara de chegar ao mundo. Ainda não sabia andar, dependia da mãe para se alimentar e locomover.
Não apresentava dentes e com o dedo na boca massageava a sua gengiva. Cabelos finos e poucos, olhos arregalados. Apenas resmungava e emitia sons distorcidos, finos gritos que eram traduzidos pela mãe.
O velho e a criança. Pareciam vidas idênticas, apesar de uma simples diferença. Singela para uns, mas no fundo crucial. A vida chegava de um lado, a morte apertava do outro.
A linda criança estava inquieta, observava tudo com total atenção. Despertava para qualquer coisa que acontecia a sua volta. Escutava tão bem em alto e stéreo som. Enxergava cores novas, vivas, que iluminavam o que estava a sua volta. Tudo era novo. O mundo nascia para ela a alguns dias. Um pássaro sem penas que queria amadurecer e voar. Vôos altos e emocionantes.
Em alguns segundos eles se entreolharam e sorriram um riso verdadeiro. E no fundo sabiam que ali estavam duas gerações. Uma iria embora para dar lugar à outra. O velho homem estava feliz por ter realizado a sua missão e abençoava no olhar um novo ser que habitava a terra. A nova criatura divina iria fazer agora a sua parte e dar seqüência a magnífica arte da vida.
A mãe seguiu seu rumo sem perceber o diálogo existente entre os dois. Apenas quem acaba de chegar e quem está pronto para ir é capaz de assimilar.
O velho olhou para trás e disse baixo, uma espécie de resmungo:
Durante uma bela noite, tomando algumas cervejas e batendo papo com os amigos em minha casa, um deles me mostrou esse programa de rádio. Achei super interessante e morri de tanto rir, porque apesar da brincadeira, os locutores dizem exatamente como é o comportamento das pessoas que moram estados diferentes. Cada local tem as suas manias, maneiras, diversões, costumes... Esse programa também é para divertir um pouco, pois ultimamente estou apenas escrevendo textos pesados e altamente críticos. Talvez isso possa me transformar em um cara ranzinza, insuportável, azedo. Para que tal fato não ocorra precocemente, diariamente acesso blogs que me façam flexionar os lábios de orelha a orelha. Vamos rir um pouco e anestesiar a dor com boas gargalhadas.
Trabalhava todo dia. De sol a sol, com chuva ou triste, cansado ou doente. Sempre estava lá de prontidão para qualquer situação. Sorridente mesmo quando sentia dor, honesto mesmo quando não tinha grana para pagar suas contas.
O suor escorria de seu rosto sofrido, suas mãos calejadas anunciavam um homem sofrido, porém honesto. Com as marcas do tempo e do stress estampadas em seu corpo, toda noite ele deitava tranqüilo em seu travesseiro e o sono era embalado pela esperança de que tudo um dia iria melhorar. As promessas de um novo governo pairavam sobre seus sonhos. Acreditava absolutamente nisso, pensava em dias melhores, em dinheiro farto no banco, os filhos em escolas de qualidade, no churrasco gordo em cima da mesa, em um posto de saúde descente perto de casa.
Acordava cedo e logo voltava para o pesadelo da vida. Cinco dias da semana eram dedicados exclusivamente à empresa, nos finais de semana fazia alguns bicos para aumentar o orçamento, mas mesmo assim alguns meses eram escuros e sombrios. Sem dinheiro para os filhos, sem lazer e sem amigos para se divertir. “A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte.” Durante as madrugadas sórdidas, chorava um choro rouco em baixo do travesseiro. Esgoelava a dor e engolia seco. Sangrava constantemente, diariamente quase que freneticamente. Seu salário medíocre não valia toda a sua competência e os anos de estudos. Mesmo assim seguia em frente sem cair. Um dia a vida iria melhorar. Ele acreditava nisso.
Mesmo acompanhando as notícias da TV, que focavam exclusivamente as corrupções e trapaças no senado, de jovens burgueses furtadores, de empresas que se tornavam bilionárias através de condutas duvidosas, ele não era capaz de passar ninguém para trás. Não acreditava e não queria o dinheiro fácil. Queria sim aumentar os seus lucros, mas com seriedade e honestidade. Apesar de não ter dinheiro, bens e qualquer coisa de valor material defendia até a alma a sua honra e o seu caráter. Tesouro cada vez mais raro, desvalorizado no Brasil e muito natural no primeiro mundo.
Foi criado assim, e dessa forma, conduzia seus filhos. Valores que aprendeu com seus pais ele , jamais caiu na armadilha aprendido, de nho oposto ao cultuado nos dias de hojeo mundo. filhos em escolas de qualidade, no churrepassava como um ato sagrado.
Pobre homem. Apesar das propostas para seguir o caminho oposto ao aprendido, jamais caiu em tentação. Desfaleceu sem ver os seus sonhos realizados, nunca foi reconhecido e cultuado. Respeito nunca teve dentro da sociedade capitalista e autocrática. E lá estavam seus filhos, chorando ao redor do seu corpo pálido e fraco. Não choravam pela ida do pai que se encontrava velho e desgostoso com a vida, mas sim porque teriam que trabalhar duro para pagar as despesas da exéquias e sobreviver no meio dessa falsidade. Trabalhar de verdade aqui não leva a nada.
Enquanto isso no país do futebol quem tem a perna torta ou uma bunda gostosa é rei.
Dono de uma habilidade musical inconfundível, Jeffery Phillip Wiedlandt (mais conhecido como ZAKK WYLDE) nasceu no dia 14 de janeiro de 1967 nos Estados Unidos. Considerado um dos maiores guitarristas da sua geração, Zakk já foi premiado várias vezes, além de ser o projetor do sucesso do príncipe das trevas - Ozzy Osbourne. Ao longo dos anos Zakk desenvolveu vários projetos paralelos bem conceituados como o álbum Book of Shadows (para mim é o melhor de toda sua carreira e vale a pena ser apreciado em uma rodovia). Além de tocar com Ozzy Osbourne, Zakk Wylde é o frontman da banda Black Label Society onde canta e compõe suas próprias músicas. O seu estilo musical foi mudado drasticamente durante os anos, mas a qualidade dos seus solos e riffs permanecem em cada canção. Escute e tire suas próprias conclusões.
Essa tal olimpíadas é muito injusta. E o nosso fracasso não se deve ao fato da histórica falta de incentivo ao esporte, mas sim a escolha das modalidades e esportes que eu não sei quem inventou. Se houvesse a modalidade “Corrupção no Senado”, estaríamos em primeiro lugar com uma ampla vantagem sobre os adversários. Pense bem se existisse a “Bala Perdida”, seriamos lideres isolados. No “Nado Roubado” ganharíamos as 3 medalhas.
Nosso Brasilzão treina a cada dia para se consagrar campeão na modalidade “Passar o próximo para trás” e a prova disso estará nas eleições de outubro. Veja o tanto de candidato sem conteúdo que só quer chupar a grana das prefeituras. Veja o tanto de vagabundo que só quer mamar no sucesso do nosso analfabeto LULA (o único que foi capaz de mudar para melhor a história da nossa economia, isso porque ele não é intelectual, né?).
Durante meses os preparativos e os treinos dos nossos políticos se intensificam para conquistarem uma cadeira na câmara municipal. O sorriso forçado no rosto, o excesso de simpatia, apertos calorosos nas mãos, falsidade explicita, mentiras cruas, amor declarado aos pobres e negros, planos de governo falsificados... uma infinidade de modalidades que ganham as ruas das nossas cidades embalados por jingles bregas e enjoados que fazem uma verdadeira lavagem cerebral na população menos esclarecida. Enquanto milhões de reais são investidos em campanhas superfaturadas, nossas crianças não aprendem direito e não praticam esportes nas escolas porque o dinheiro destinado à alimentação é desviado para contas no exterior. Dessa forma ninguém tem força para brincar, correr, pular, enfim, treinar.
Então você me pergunta o motivo da nossa medíocre colocação nas Olimpíadas. Eu preciso responder mais uma coisa?
Eu não quero medalha. Eu quero saúde, educação, segurança, emprego. Quero ver o meu povo ter orgulho de seu país, todos de barriga cheia.
Não poderia de deixar a minha homenagem ao único estilo musical que é tocado em todo mundo. Parabéns Rock'n Roll, nascido nos Estados Unidos e aperfeiçoado pelos Ingleses. O mundo agradece tamanha inspiração. Para celebrar essa importante data segue a música "Fuckin´up" do Neil Young com a participação do Pearl Jam. Nasci escutando isso aí e quero escutar para sempre.
Nascida nos E.U.A em 1933, Nina Simone foi uma grande pianista, cantora e compositora. O nome artístico foi adotado aos 20 anos, para que pudesse cantar blues, a "música do diabo", nos cabarés de Nova Iorque. Nina foi mais a fundo em seu passeio pela música e mergulhou fundo em diversos estilos como o jazz, soul, gospel e folk. Uma cantora versátil e de sensibilidade extrema, perseguida por ser negra e por abraçar publicamente todo tipo de combate ao racismo. Era uma intérprete visceral e tocava piano com energia e perfeição.
Recentemente foi lançado um remix de suas belas canções -“Nina Simone - Remixed & Reimagined” - um disco maravilhoso com versões extremamente diferentes das originais. Uma mistura de batidas eletrônicas, efeitos diversos e uma voz inconfundível. Vale a pena escutar. Compre uma bela garrafa de vinho e ligue o som, saboreie o melhor da música popular americana e não dirija. Lei seca na área, esqueceu?
Nasci no início da década de 80 e em alguns surtos reflexivos que me atordoam frequentemente, percebi que de lá pra cá o mundo mudou muito. É claro que muitas coisas mudaram para melhor, por exemplo, a cura de várias doenças, a tecnologia estrondosa que invadiu as nossas vidas em todos os setores e segmentos, o que facilitou muita coisa. Mas onde quero chegar é na área cultura, formadora da ideologia e o caráter de milhares de crianças e adolescentes.
Substancialmente a inferioridade cultural do final da década de 90 e dos anos 2000, tomou conta de toda uma geração que hoje vive em crise existencial, rebola na boquinha da garrafa, não gosta de ler (porque não sabe interpretar), acha T.U.D.O ver filmes de humor fácil com cenas de sexo e adora cortar os pulsos para chamar a atenção.
Em um passado não tão distante, crianças não tinham nenhuma maldade e nas festinhas de aniversário o que se costumava a fazer era dançar ao som do Balão Mágico, Trem da Alegria, Dominó, Menudos. Cerveja era para adultos, tomávamos era refrigerante em copo de vidro, comíamos salgadinhos, brincávamos de pique-pega. A transformação de uma década para a outra não foi apenas simbólica. No final dos anos 90 e principalmente nos dias de hoje a banalização do sexo e da prostituição trouxe para o mundo (afinal de contas exportamos a influência musical – Axé - e suas dançarinas nuas para o mercado americano. Ou você não vê os clips de Rap cheio de mulheres peitudas e rabudas?) “grandes ícones” que jamais serão esquecidos, não pela habilidade musical, mas sim pelas suas nádegas enormes que serão lembradas no banheiro de milhares de adolescentes. Carla Perez virou Sheila Carvalho que virou Sheila Mello, que virou uma salada de fruta. Mulher melancia, moranguinho, melão... Ao invés de brincadeiras sadias, adolescentes transam sem camisinha e colocam filhos no mundo sem a menor condição, usam drogas como se fosse uma coisa normal, idolatram o Créu como se fosse algo místico. Rodas de viola à luz do luar onde canções poéticas como as escritas pelo Aborto Elétrico, Legião Urbana, Cazuza, foram substituídas por rodas de pagode romântico e micaretas, onde ficar com uma pessoa só é uma vergonha, tem que pegar é geral (Lembre-se, nada de conversar, porque tem que pensar muito se a conversa for filosofal). Revistinhas em quadrinho perderam espaço para os vídeos games cada vez mais realistas, violões foram trocados por armas, serenatas perderam a vez para as brigas.
Uma avalanche de esgoto cultural invadiu as mídias de todo o país e foi capaz de formar cidadãos despreparados, incapazes de modificar a realidade do Brasil e propor soluções. Escrever o próprio nome não é ser alfabetizado, juntar algumas palavras e formar uma frase não é compreender o que está escrito. Você acha que sua bagagem cultural influência a sua vida?
A discrepância é muita e a distância entre os anos não é tão grande assim. Gosto de falar que cada geração tem os heróis que merecem. Alguns idolatram Roger Walters outros preferem MC Serginho, alguns se distraem com as palavras de Guimarães Rosa, outros preferem a Rita Cadillac. Alguns veneram Che, outros Luciana Gimenez. A cultura forma pessoas diferentes que futuramente podem governar o nosso país. Quem nós queremos? A cada dia mingua os nossos intelectuais, ícones da música não nascem mais, literários morrem... a culpa é de quem? Da mídia que quer ganhar montanhas de dinheiro colocando mulheres gostosas e músicas de duplo sentido para o povo requebrar ou do estado que não deseja formar cidadãos intelectos que contestarão as formas de governo? Acho que é uma fusão dos dois grandes detentores do poder. É um mundo capitalista, o que é lucrativo sempre vai sair ganhando.
Quantos jovens que você conhece que lê bons livros, escuta música de qualidade, sabe a situação do mundo, tem um vocabulário amplo, conversa sobre diversos temas a não ser mulher, futebol e carnaval?
Se você tem medo do futuro e do que seus filhos irão ver, escutar, idolatrar, acalmem-se. As eleições da sua cidade estão chegando e a situação só irá piorar. Quer pagar pra ver?
O mundo gira, as folhas caem no jardim, o sol nasce e morre todos os dias, tudo muda a cada instante. Ainda bem que não somos os mesmos, que mudamos nossos pensamentos, agimos demasiadas vezes de formas diferentes, até o nosso corpo muda freneticamente. Um dia somos lizinhos, no outro somos peludos loucos por uma lâmina de barbear, mas um dia ficaremos enrugados com poucos pêlos para contar história e com saudade daqueles cabelos longos da adolescência rebelde. É assim, e sempre será, uma verdadeira engrenagem que não pára. Exatamente isto que me atrai, que me deixa feliz, que me faz sonhar e querer viver cada dia veemente. Estou dizendo isto porque mais um ciclo se completa e aqui estou, diferente do inverno passado. Graças a Deus. Não importa se mudei para melhor ou para pior, o fato é que sofremos metamorfoses sucessivas. Cabeça cheia de cultura ou vazia, corpo alterado ou estagnado, mente sã ou tuberculosa, demoníacos ou santidades ao seu lado. Você não pensa como antigamente, mesmo que queira permanecer na inércia a lei da gravidade faz suas atitudes mudarem. O sujeito pode ser durão, quando envelhece fica mais penetrável, acessível, sentimental. Faz parte do jogo da vida, aprendemos apanhando.O fato é que o planeta muda junto com a gente, nossas atitudes é o combustível de tudo que está ocorrendo hoje. Se você muda pra pior, o mundo vai junto. Sua ignorância atrapalha tudo, você já percebeu? Olhe ao seu redor, todos só pensam em dinheiro, poder.... como o mundo está? Poluído, bagunçado, transtornado, perverso. Aqui estou, sobrevivendo ao holocausto. Sobrevivendo sem nenhum arranhão, mas com algumas histórias para contar. Você precisa mudar para melhor a cada instante, a cada segundo. Não seja apenas mais um no meio da multidão burra, estúpida. Seja mais sábio que ontem, mais ignorante que amanhã. Eu não me importo com as rugas que virão meu coração ficará mais puro e minha experiência falará por mim. Assim como minha forma de pensar agirá sobre meus atos e assim o mundo poderá ser um lugar melhor para vivermos. Já imaginou se todos nós fizermos isso? Quero saber mais sobre a vida, sobre o amor, mas nunca irei conhecer tudo. É exatamente isto que eu quero, viver correndo atrás de mais, da sabedoria completa, das coisas simples da vida, de entender e compreender meus pais, de ver meus filhos brincando no jardim florido sem poluição e o céu cinza. Mesmo sabendo que é muito difícil, eu quero tentar, eu quero seguir em frente. Não quero ser prófugo e sim profluente. Deixe-me viver, só isso que peço neste dia tão especial.
Antes de começar esse post gostaria de contar uma curiosidades. Há alguns anos atrás, quando eu era criança, estava indo para uma represa que existe na minha cidade natal com alguns amigos do meu pai. Um deles estava em um carro escutando uma música estranha, de faroeste. Comecei a rir e perguntei para ele como podia gostar daquele estilo musical. O fato é que o tempo passou e aqui estou, indicando este mesmo artista que debochei a algum tempo. Agora vamos ao que interessa. Acho que a melhor descrição para este cidadão (muito longe de ser comum) é gênio. Mas para falar a verdade, ainda não existe uma palavra que qualifique o dom de Ennio Marricone. Nascido em Roma no ano de 1928, Marricone é sem duvida o maior compositor italiano e um dos maiores do mundo. Seu estrelado começou através dos faroestes italianos dirigidos por Sergio Leone para a trilogia Por um Punhado de Dólares (Per un Pugno di Dollari, 1964), Por uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro in Più, 1965) e Três Homens em Conflito (Il Buono, il Brutto, il Cattivo, 1966). Este terceiro tem uma das músicas mais marcantes e características da história do cinema. Pode ter certeza que os filmes de faroeste nunca mais foram os mesmos com as trilhas deste mestre, pois a sua música de certa maneira sugeria um tom mais crítico, mais sarcástico à narrativa dos faroestes. Marricone soube como ninguém misturar música e cinema. Suas trilhas sonoras estamparam mais de 400 filmes. Em agradecimento a sua contribuição ao cinema mundial, Marricone recebeu em 2007 um Oscar honorário, que foi entregue por Clint Eastwood. Não deixe de conferir os vídeos a seguir e procure algum disco para se surpreender.
Quem nada quer nada alcança. E na medida em que os sonhos se desmancham os pesadelos adormecidos acordam assustados e assombram a vida real. Desistir quando as coisas apertam parece a escolha mais fácil, acomodar-se e ver a vida passar debruçado pela janela é o mais certo e talvez seja inevitável esquivar-se das dificuldades que o dia-a-dia nos impõe. Pare de pensar na onda de otimismo e oportunidades que não veio, crie seu próprio mar e mergulho fundo nos seus ideais. Se não houver tempo, crie. Se não houver espaço, aumente. Se não vou paciência, respire fundo. Se não houver vento, sopre. Se não houver luz, acenda uma chama. Os heróis da TV já estão velhos demais e não podem lhe salvar, quando você tem medo do escuro não precisa gritar, ninguém vai lhe ajudar. Agora é só você, se quiser pode espernear, sua infância não vai voltar e nem papai ou mamãe iram lhe acalmar. É preciso seguir em frente, mergulhar de cabeça no mundo, às vezes não se pode confiar em ninguém, por isso é bom que você esteja bastante maduro para tomar suas próprias decisões e lembre-se que nem sempre seus amigos estarão por perto para lhe auxiliar. As coisas mudam, a gente cresce e as responsabilidades aparecem. Olhe bem para o espelho, essas rugas irão lhe guiar, acredite no futuro mesmo que o sol não brilhe na maior parte dos dias. Mas a vida não é como os desenhos que você gostava de ver e nem sempre o bem vence o mau. É difícil acreditar que a infância e a irresponsabilidade daquele tempo passaram tão rápido, mas agora é só você contra a multidão. Não adianta resistir, acorde e veja que o melhor a fazer é construir o seu caminho, vai ser melhor para você. Se não houver chuva, pode chorar para regar a alma. Se não houver coragem, grite e espante o mal. Se você se quebrar, junto os cacos, erga a cabeça e vá em frente. Não deixe o tempo passar, porque um dia será tarde demais e você não terá feito nada para mudar a sua vida.
Enquanto ela pensa em pular da janela, pulei de cabeça nesse amor. Enquanto ela pensa em se afogar, mergulhei nesse mar de sentimentos. Enquanto ela pensa em se cortar, já me sangrei por inteiro. Enquanto o mundo passa pela sua janela, ela envelhece sem se entregar a tudo que a vida lhe oferece. Enquanto ela está inerte, já fiz o que devia e não devia. Experimentei uma overdose de sensações, alucinações e exageros. Sob efeito do meu amor, o fogo derreteu, o gelo incendiou. Nunca me arrependi, ela sempre está pensando no que eles vão falar. Enquanto ela se tranca no banheiro, liberto meu coração para novas emoções. Enquanto ela sobrevive, vivo intensamente cada instante. Faça chuva ou faça sol, vou cantando, espantando o mau humor. Ela fica parada, eu corro, grito, mordo. Ela chora, eu também. Ela chora, eu sorrio. Ela apenas chora... Tudo novo pra mim, tudo igual pra ela. Penso em novas possibilidades, ela pensa na mesma coisa. Enquanto ela morre aos poucos, vou nascendo novamente a cada dia. Enquanto sua vida é sem sal, tomo remédio para hipertensão. Enquanto ela arranca os cabelos, todo semana tenho que ir ao barbeiro. Enquanto ela se desfaz, me recomponho. Adeus meu bem, arrumei um outro alguém. Estes fatos vis são difíceis demais para mim e se lhe troquei não foi por maldade. A vida não é como a física e verdadeiramente os opostos não se atraem.
Descobri há poucos meses um som diferente e fiquei intrigado com tamanha sensibilidade musical. Isto é muito difícil nos dias de hoje, mas graças a Deus não é impossível. Uma banda repleta de instrumentos e rica em harmonia, um som que parece vir lá do outro lado da Europa, das ruínas do pós-guerra em algum pequeno país da ex-Iuguslávia ou de ruas vazias de alguma cidade soviética sucateada após a guerra fria. Surpreendi-me ao procurar uma referência da banda no google e descobrir que não se tratava de uma banda e sim de uma única pessoa. O nome do grande músico é Zach Condon, um rapaz norte-americano com seus vinte-e-poucos anos que gravou o seu primeiro álbum no seu próprio quarto. No mínimo instigante, como pode uma pessoa tão jovem ter tamanha sensibilidade, cantar com a alma, criar arranjos belos? Com a sua magnífica voz, ele parece ter vivido toda a tristeza que a sua música desperta, uma mistura de dor e alcoolismo. Mas isso não basta, o criador da banda Beirut, nunca tocou todos os instrumentos que as suas músicas carregam, com a sua sensibilidade musical, foi capaz de aprender e tirar alguns sons incríveis. Beirut é algo mágico, que acende e acaricia a sensibilidade, que passeia na alma e expõe a ferida, é diferente e encantador. 'The Flying Club Cup' é o primeiro trabalho do Beirut como uma banda completa, um álbum rico e tão bom quanto o primeiro, gravado em um quartinho. Prepare-se para escutar uma promessa do munco musical. Aumente o som e saboreie algo sofisticado, diferente do arroz com feijão. Beirut é uma boa pedida.
Em uma noite de pleno inverno, somente o orvalho descansava sobre o telhado. No ápice do frio e da solidão que assolava um pequeno e humilde casebre, o fogo não era capaz de aquecer os corpos entrelaçados e trêmulos que ali habitavam. Apenas uma pequena brasa incandescia uma luz fraca, levemente avermelhada no final da lareira, que tentava mornar a madrugada. Era visível o final do fogaréu que esquentou por algumas horas aquele lugar, mas a fumaça tomava conta do frígido recinto, anunciando o apagar das chamas. Triste, o fogo sentia-se inútil, fraco, frágil diante de tal situação. Em estado de total depressão, ele sabia que não estava desempenhando o seu papel, exercendo a soberania que já fez temer seres vivos e foi motivo de guerra pela raça humana. O vento úmido e gelado entrava pela fresta da janela, ameaçando o final absoluto da fogueira. Seu reinado estava ameaçado, entrando em declínio e a morte prematura era eminente. Definhando definitivamente, alguns pedaços de gravetos foram adicionados às brasas brandas, galhos secos e retorcidos, grandes toras que começaram a alimentar e a queimar como Nero fez com Roma. Poderosas labaredas começaram a bailar, cruzando e cortando a noite fria, estalando e musicando o silêncio noturno. O fogo sentia-se viril, soberbo, forte, incontrolável. Ergueu o nariz e começou a esbanjar confiança, dizia para todos que ali estavam, que ele era o maioral, que ninguém era capaz de apagar o seu espetáculo pirotécnico, que os homens se curvavam ao aquecer das suas chamas. Faíscas eram lançadas ao teto, iluminavam a noite vazia e para o fogo, ele era o rei das atenções. Segundo sua prepotência, ele não precisava dos velhos gravetos, secos e fracos, das toras das árvores que foram mortas e não serviam para mais nada, ele não precisava de ninguém, não precisava de nada para erguer sua força de aquecimento. Exaltado, afirmava que nada era mais importante que o seu calor, que o fervor da sua combustão. Mas como tudo na vida tem um fim, novamente as madeiras que alimentavam aquele fogaréu foram minguando e o baile de fogo esvaiu. Já era quase de manhã e inconformados com as afirmações ditas há algumas horas atrás, os gravetos resolveram mostrar a sua infinda importância e apagaram aquela chama arrogante. O fogo revoltou-se, chorou e virou pó. Por não dividir os benefícios do poder, os méritos, o sucesso, as atenções, por achar que o mundo era somente dele, que não precisava de ninguém, a conspiração falou mais alto e emudeceu a soberania instantânea de alguém que precisa dos outros e não reconhece. De alguém que é tão forte e tão fraco, que através de um simples copo de água vai das chamas ao pó.
Definitivamente eu não concordo com o que muita gente me diz e vomita por ai. Devido ao préconceito estúpido e medíocre que faz parte de todo ser humano, (algumas pessoas são dominadas por ele, outras não), os indivíduos são influenciados pelos meios de comunicação, principalmente pelas rádios fms (a grande maioria) que tocam apenas os sucessos dos artistas. Algumas bandas criam sucessos ridículos que explodem nas fms e grudam nos ouvidos, mas em muitos casos, sucessos são impostos pelas gravadoras que pagam os veículos de comunicação para tocar aqui que eles querem. Não sei se no caso do Detonautas Roque Clube foi uma imposição da gravadora, mas no primeiro cd da banda, alguns sucessos tocaram tanto nas rádios que ninguém agüentava escutar aquelas músicas mais. O fato é que a banda se promoveu e apareceu na mídia, mas em contra partida se criou um preconceito e muita gente ainda acha que o Detonautas é uma banda de adolescente, de um sucesso só. Já ouvi dizer que a banda é a mesma coisa que CPM 22, NXZero, Pitty (me desculpe quem gosta, respeito sinceramente). Pára com isso!!! Pelo amor de Deus, não fale uma bobagem desta, não cometa uma injustiça. A diferença é gritante, será que ninguém vê? Já fiz muita gente mudar de opinião, basta escutar a obra completa, pular os hits. Eles são músicos de verdade, letras inteligentes, baladas interessantes, pegadas fortes. O penúltimo cd (Psicodeliaamorsexo & distorção) é uma junção de Led Zeppelin e Stone Temple Pilots, uma obra prima do rock nacional. É claro que eles falam de amor, porque só falar de injustiça e causas sociais enche o saco. O tema amor é infinito e dá para fazer belas canções com o coração sangrando. Para finalizar, deixo aqui uma dica. Acesse o www.myspace.com/detonautas lá você pode escutar o NOVO cd dos caras: Detonautas Roque Clube – O retorno de saturno. Isto é algo ousado que algumas bandas inteligentes estão fazendo por aí, colocando a música na internet. O Retorno de Saturno é uma obra diferente das outras já criadas por eles e é isto que me atraiu. Gosto de bandas que mudam a cada cd, que correm atrás do novo. Deixe seu preconceito de lado, abstenha-se da ignorância pelo menos por alguns minutos e escute um rock autêntico, diferente dessas asneiras pré-fabricadas que tocam nas rádios de todo país. Rock nacional PRESTA e MUITO.